sábado, 29 de novembro de 2008

Desiludido, mas valorizado no mercado, Caio Júnior não fica no Fla em 2009

Técnico não esconde abatimento com o fracasso na luta pelo hexa e com as críticas e fala abertamente em trabalhar fora do país

Embora não admita oficialmente, Caio Júnior já tomou sua decisão: após o jogo contra o Atlético-PR, no dia 7 de dezembro, ele deixará o Flamengo. Seu destino será o Japão. Desgastado com a luta frustrada pelo hexacampeonato e a pressão desenfreada do clube, o treinador já começa a arrumar as malas.

A saída, de certa forma, facilita uma decisão que era tomada nos bastidores do clube: trocar o comando da equipe na próxima temporada. O contrato de Caio Júnior com o Flamengo termina no fim de 2009. Como os dois lados querem o rompimento, a multa rescisória que inicialmente era de R$ 600 mil, e cai proporcionalmente durante o contrato, não será problema.

- Não tem mais clima para ele ficar em 2009 - diz um dirigente influente no clube.

A vontade recíproca por mudança na virada do ano se maturou ao longo do Brasileirão. Caio não esconde o abatimento com o rumo que a situação tomou no Flamengo. De líder inconteste no início da competição, ele conviveu – e se irritou – com o vazamento constante de informações para a imprensa e a ferocidade das críticas.

- As situações que vivi no Flamengo servirão para ter um parâmetro maior quando eu for tomar decisões. É isso que treinadores como Muricy e Vanderlei têm. Todos os problemas servirão para eu refletir mais em situações futuras, nas decisões que terei de tomar na minha carreira de treinador – disse Caio, ao comentar sobre a panela de pressão que vive no Rubro-Negro.

A campanha consistente no Brasileiro, onde foi líder por 11 rodadas, abriu mercado para Caio. Ele recebeu uma proposta interessante do Vissel Kobe. Na Gávea, chegou a dizer que sente “uma inveja boa” de Zico porque este só aceita trabalhar fora do Brasil.

- Invejo o Zico no bom sentido. Pelo fato de ele poder trabalhar no exterior, onde tudo funciona corretamente, com segurança – afirma o técnico, que ficou bastante magoado com o episódio em que atiraram uma bomba durante um treino do Flamengo, em agosto.

Cuca e Renato polarizam as frentes da diretoria

Por outro lado, a diretoria queixou-se da pouca habilidade do treinador para resolver problemas internos – o caso Jônatas, por exemplo. O pesado investimento feito para o Brasileiro tornou o título uma fixação. O fracasso na missão e a possibilidade de sequer disputar a Libertadores de 2009 aceleraram o processo.

Mantendo a coerência de concentrar os esforços na reta final do Campeonato Brasileiro para evitar ruídos de comunicação, o vice-presidente de futebol do clube, Kleber Leite, ainda não iniciou negociação oficial com o substituto. Entretanto, Cuca é o preferido dele. Já o presidente Marcio Braga tem predileção por Renato Gaúcho, atualmente no Vasco, e bastante identificado com o Flamengo.

Mano Menezes era o único nome de consenso. Por causa da boa relação com a diretoria do Corinthians houve apenas uma sondagem informal a terceiros sobre a possibilidade de ele não continuar no clube paulista, situação que acabou descartada.

Oficialmente, Caio Júnior diz que só os resultados dos jogos finais vão decidir seu futuro no Flamengo.

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